Endo

A moderna terapia endodôntica

Gilson Blitzkow Sydney

Na segunda edição de seu livro Endodontics, Ingle inseriu uma foto do monumento a Washington, representando a grandiosa integridade que parecia imprescindível à especialidade, naquele momento. Em sua terceira edição, em 1985, a imagem era do Monte Rainier, uma base maciça que se elevava em uma crista espetacular. Observando aquele maciço, Ingle ponderava que, ao ser revista a montanha de conquistas endodônticas, fica-se impressionado com a base sólida de pesquisas e observações importantes que nos levam ao apogeu de nosso progresso. Mas ele afirmava que estávamos sendo esmagados por uma avalanche de ideias, técnicas e instrumentos, todos eles estimulantes, alguns ameaçadores e muitos ainda não devidamente testados. Então, para ele, o esplendor intacto de nossa “montanha” de conhecimento estava sendo ameaçado. Ele se questionava: poderia o Monte Rainier transformar-se em outro St. Helens, um vulcão ativo a sudoeste do estado de Washington que, em 1980, após 127 anos de inatividade, entrou em violenta erupção, seguida por um tremor de 5,1 pontos na Escala Richter, fazendo com que a parte norte do vulcão simplesmente despencasse, diminuindo em 400 metros a sua altura e ampliando sua largura em quase dois quilômetros? Hoje, mais de 25 anos depois, a ameaça continua a mesma. Sistemas automatizados são lançados primeiro e testados depois! A indústria vem firme no propósito de influenciar diretamente o ensino da Endodontia. Porém, são poucas as instituições de ensino preparadas para as novas tecnologias. E, deixando isso para a indústria, vemos imposições que não correspondem à realidade. A corrida para popularizar novos sistemas levanta uma série de preocupações. Como afirmou Spangberg, em 2001, a aparente simplicidade técnica do uso de alguns instrumentos é um convite à ignorância. Sem um bom conhecimento da anatomia e da patologia, a instrumentação automatizada não aumentará o índice de sucesso da terapia endodôntica. A realidade é que o aumento de venda dos novos sistemas não significa, necessariamente, sua implementação na prática clínica diária. É preciso compreender que é a partir da constância do praticar e do treinar que executaremos, na automação, toda a experiência adquirida com os anos de preparo manual. Entretanto, não seria a ideia atual fazer o caminho inverso?

martes, 16 de abril de 2024 04:02